sexta-feira, 20 de março de 2009

Regime de Ciclos com Progressão Continuada em São Paulo

Ciclos de formação, avaliação, progressão continuada, promoção automática são vocábulos discutidos há muito tempo na educação. O ciclo é a reorganização do tempo escolar é uma reorganização das séries anuais para períodos superior ou igual a dois anos. A discussão acerca dos ciclos é algo antigo no estado de São Paulo e há mais de vinte e três anos já vem sendo implantado.
Antes da criação da LDB já havia experiências de ciclos em Minas Gerais e em Santa Catarina, e no próprio município de São Paulo na década de 90 o Professor Paulo Freire secretário da educação no governo de Luíza Erundina implantou ciclos nas escolas públicas.
Em São Paulo em 1968 o secretário da educação Ulhoa Cintra propôs uma reforma educacional na qual deveria ser adotado os ciclos de quatro anos, os ciclos que vai da 1ª a 4ª série do ensino chamado na época de ensino primário que hoje é o ensino fundamental. A proposta do ciclo era a não reprovação do aluno, mas houve muita resistência por parte dos professores e o Secretário da Educação Ulhoa Cintra voltou atrás com a reforma tirando a proposta do ciclo com progressão continuada.
Em 1984 foi implantado em São Paulo o denominado ciclo básico composto pelas duas primeiras séries do ensino denominado primeiro grau. A primeira série passou a ser denominada ciclo básico inicial (CBI) e a segunda série passou a ser denominada ciclo básico de continuidade (CBC). O ciclo básico é a não retenção do aluno da primeira série para a segunda série, assim estava garantido dois anos de permanência do aluno na escola sem retenção.
A partir de 1997 tudo isso mudou porque na estrutura educacional do Estado de São Paulo foi implantado o regime de ciclos com progressão continuada (RCPC) com o Ciclo I (1ª a 4ª série) e o Ciclo II (5ª a 8ª série). O aluno podia ser retido somente na 4ª série do ciclo I ou na 8ª série no ciclo II. A LDB (Lei de Diretrizes e Base) deu liberdade de escolha para a rede pública municipal, estadual ou privada na implantação do ciclo. Cada Estado decide o que fazer porque a LDB faculta aos sistemas escolares as formas de organização que podem optar pelo modelo seriado anual, modelo semestral ou em ciclos com progressão continuada.
No regime seriado com duração normal de um ano, ao final de um ano o professor classifica o aluno como aprovado ou retido. No modelo ciclado o professor classifica o aluno da mesma forma, mas somente no final do ciclo, o que muda é a duração, o intervalo de tempo.
Para se ter progressão continuada é preciso a implantação do ciclo e o professor precisa acreditar que o aluno aprende continuamente, o tempo de aprendizagem deve ser prolongado e não há retenção do aluno durante o ciclo porque este é o período definido para a aprendizagem contínua do aluno.
Todo esse processo da progressão continuada não está acontecendo na prática porque quem acredita que o ritmo de aprendizagem de cada aluno é individual e respeita as etapas de desenvolvimento, não pode pensar ingenuamente que essas etapas têm duração de um ano.
Os ciclos, a progressão continuada significam o respeito às etapas de aprendizagem e é necessário dois elementos essenciais, a recuperação e reclassificação. O aluno deve ter fora do horário de aula a oportunidade de estudar o assunto que não aprendeu. Do ponto de vista do ensino-aprendizagem deve haver a reclassificação na qual são montadas turmas homogêneas e no final de cada período o professor classifica o aluno encaminhando o mesmo para a próxima turma que está aprendendo outro determinado conteúdo. A reclassificação pode ser feita a qualquer momento e individualmente se o aluno aprendeu o assunto o mesmo deve ser encaminhado para aprender outras coisas em outra turma e assim não há a idéia de série.
Muitos autores como Paulo Freire defendem a proposta dos ciclos de aprendizagem por vários motivos, um dos motivos é a garantia da permanência do aluno na escola porque como o aluno não vai ser retido várias vezes naquela série a evasão escolar se reduz.
Para haver democratização do ensino é preciso garantir que o aluno entre na escola que ele permaneça e tenha acesso a aprendizagem e teoricamente os ciclos de aprendizagem garantem a permanência. No Estado de São Paulo o que está acontecendo na prática é que os ciclos foram adotados, porém o modelo estrutural da educação continua sendo seriado. Ou seja, na prática o que continua existindo na maior parte do ensino público é o regime seriado com a aplicação da “promoção automática”. Na prática o aluno é promovido automaticamente de série para série independente de ter adquirido ou não os conteúdos daquela série, o que acarreta outros problemas porque o aluno é reclassificado e vai continuar não aprendendo o que já foi exposto pelo professor que mostrará novos conteúdos na outra série e não irá retomar o que o aluno deixou de aprender.
As pessoas com a visão de senso comum dizem que os alunos hoje estão aprendendo menos e que a qualidade na educação piorou com os ciclos e isso é falso porque diversos fatores contribuem para uma educação de pouca qualidade.
A crescente perca de qualidade do ensino público brasileiro é um processo que vem correndo desde os anos 70, não começou agora e nem teve início com os ciclos. O ensino público da década de 60 é diferente do ensino da década de 70 que é diferente da década de 80 e 90. A questão da qualidade de ensino público é muito ampla, no Estado de São Paulo antes da implantação dos ciclos se tinha 46% de alunos que não chegavam se quer a 5ª série e hoje esses alunos chegam apesar de não aprenderem eles permanecem na escola.
O que mudou é que se tem os alunos indo à escola, a impressão é que a qualidade do ensino piorou, mas continua como era. Com a progressão automática se está garantindo que mais alunos fiquem no interior da escola chegando a 5ª, 6ª, 7ª e 8ª série e antes esses alunos não estavam na escola.
È melhor o aluno, as crianças mesmo não aprendendo estarem no interior da escola ou fora dela?
Uma questão para reflexão!
É comum hoje se encontrar na 8ª série jovens com pouca idade, mas isso gerou um fenômeno que é a não aprendizagem, os alunos estão no interior da escola, porém não estão tendo acesso aos conhecimentos obrigatórios “exclusão branca”.
A não aprendizagem do aluno não é culpa dos professores, dos ciclos é culpa de um processo histórico que já dura mais de 40 anos e os ciclos são mais uma parte desse processo histórico que faz parte da escola, então não se pode dizer que os ciclos pioraram a qualidade da educação.
Há vários motivos que contribuem para a falta de qualidade na educação, uma série de fatos complexos deve ser levado em conta, o professor trabalha muito e ganha muito mal, tem pouco tempo pra continuar sua formação, para se atualizar, preparar aulas, falta profissionais da educação em todo o país, a estrutura da maioria das escolas não é adequada, falta material para o aluno, a escola não é adequada à realidade do aluno, etc. Há vários elementos que intervém na qualidade da escola e a grande verdade é que a escola pública não foi montada para as camadas populares, a escola pública foi montada para a burguesia e quem está na escola pública não é a burguesia e sim a camada popular.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A importância das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na Educação

A importância do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs no processo ensino aprendizagem, debatido por muitos autores ao longo da última década, traz um elemento novo à polêmica: o interesse dos alunos e sua possibilidade de acesso as tecnologias fora do espaço escolar.
O computador é reconhecido como mais um recurso pedagógico e não se trata de um simples recurso como os demais instrumentos utilizados no cotidiano escolar, como quadro negro, retro projetor entre outras ferramentas, tendo em vista que a máquina desperta no aluno um maior interesse pelas aulas. O computador é um novo instrumento que contribui para uma maior autonomia do aluno, fazendo com que o mesmo se sinta impelido e atraído pela construção do conhecimento dentro e fora dos muros da escola (PELLANDA, 2005.p.35-44).
Porém, é importante ressaltar que o computador sem a internet nada mais é que um “amontoado de tecnologia” e que não pode causar muitas mudanças por si só. Vale lembrar ainda, que é imprescindível a exploração máxima dessa tecnologia, já que a mesma abre uma gama de possibilidades para um melhor aperfeiçoamento no processo de desenvolvimento cognitivo.
A cerca de duas décadas o computador vem aos poucos entrando na educação se instalando nas salas de aulas contribuindo com mudanças no modelo do universo escolar que conhecemos. O computador vem se tornando uma ferramenta elementar e ativo nas escolas. Muitos alunos dominam o computador com a mesma facilidade com que manuseiam seus videogame, uma bola, uma bicicleta ou um skate, etc.; acessam a Internet, chats, utilizam e-mail, fazem download, etc.
A tecnologia trás muitas mudanças para todos os setores da sociedade, inclusive para a educação. É necessário então refletir sobre o papel do computador dentro da sala de aula, é preciso refletir sobre a melhor maneira para se utilizar essa ferramenta em benefício de todos.
O computador é um recurso de última geração que é indispensável à escola. Atualmente tudo está informatizado e a informática deve fazer parte do currículo escolar, é necessário dentro da escola um profissional preparado para orientar os alunos. Mas não é necessário ser um “especialista” em recursos audiovisuais para trabalhar na sala de aula com filmes ou documentários. (BRUNO, Adriana Rocha, 1998).
“A informática educativa ou educacional vê no computador uma ferramenta, ou mais um recurso a ser utilizado em sala de aula, pelo professor e pelos alunos, no auxílio da construção do conhecimento.
Com a difusão e o uso da informática, entramos em uma nova etapa cultural: a era digital. Uma realidade que não passa despercebida às crianças. Teberosky enfatiza que em uma única máquina, o computador, é possível escrever, corrigir, consultar várias fontes, editar, imprimir e também interagir “conversando” com a própria máquina ou com outros leitores, (TEBEROSKY, pp. 31).
Esses novos recursos eletrônicos modificam as maneiras de perceber e produzir o conhecimento, criando a necessidade de um novo leitor para o novo espaço discursivo que se apresenta promovido pelo hipertexto. Pensar sobre o hipertexto supõe contextualizá-lo no cenário da vida contemporânea, o discurso das novas formas de linguagens para ser compreendido reivindica um contexto que é composto por elementos culturais.
Assim, se faz necessário refletir acerca das novas tecnologias como afirmação do humano, como uma possibilidade de expressão individual da subjetividade, como uma possibilidade de significação.
Nessa perspectiva, as novas tecnologias aplicadas à educação como um “instrumento cultural” visa contrapor o olhar unidimensional, marcado pela rigidez e hierarquia, sugerindo uma mudança de paradigma, “uma transformação” dos atuais modelos educacionais com a finalidade de favorecer a formação de cidadãos mais críticos e preparados para o mundo que se apresenta.
Esses novos recursos eletrônicos modificam as maneiras de perceber e produzir o conhecimento, criando a necessidade de um novo leitor para o novo espaço discursivo que se apresenta promovido pelo hipertexto. Pensar sobre o hipertexto supõe contextualizá-lo no cenário da vida contemporânea, o discurso das novas formas de linguagens para ser compreendido reivindica um contexto que é composto por elementos culturais.
Assim, se faz necessário refletir acerca das novas tecnologias como afirmação do humano, como uma possibilidade de expressão individual da subjetividade, como uma possibilidade de significação.
Nessa perspectiva, as novas tecnologias aplicadas à educação como um “instrumento cultural” visa contrapor o olhar unidimensional, marcado pela rigidez e hierarquia, sugerindo uma mudança de paradigma, “uma transformação” dos atuais modelos educacionais com a finalidade de favorecer a formação de cidadãos mais críticos e preparados para o mundo que se apresenta.
Ressaltando que ao professor cabe a tarefa indispensável de coordenar o processo ensino aprendizagem, ajudando os alunos na concentração dos objetivos da pesquisa e na filtragem das mesmas para que sejam selecionadas as informações mais relevantes.
É preciso desenvolver a capacidade de analisar a veracidade e o cunho ideológico de cada informação. O professor precisa acompanhar cada aluno, incentivá-lo a resolver suas dúvidas e a divulgar suas descobertas, socializando, discutindo e comparando resultados (CARMO, 2001).
É imprescindível que junto com o acesso aos novos meios haja a responsabilidade social de disseminar no meio digital, conteúdos importantes e de instrumentalizar o educando para que o educando possa fazer uso dos novos meios tecnológicos em benefício de si mesmo, e não ser usado por estes novos recursos, (TRINDADE, 2003).

Violência simbólica


O Capital Cultural para Bourdieu e Passeron é adquirido predominantemente na socialização familiar primária e ali ele é herdado em grande parte. A outra fonte são as instituições transmissoras de cultura como escolas e universidades. Via de regra, no entanto, a trajetória do indivíduo pelos campos e as relações estabelecidas pelo mesmo com tais campos é que determina o volume e o tipo de aquisição deste capital cultural.
Uma das pretensões de Bourdieu e Passeron é justamente demonstrar a não existência de uma cultura única, mais que, na realidade, devido ao fato de que elas correspondem a interesses materiais e simbólicos de grupos ou classes diferentemente situadas nas relações de força, esses agentes pedagógicos tendem sempre a reproduzir a estrutura de distribuição do capital cultural entre esses grupos ou classes, contribuído do mesmo modo para a reprodução da estrutura social: com efeito, as leis do mercado em que se forma o valor econômico ou simbólico, isto é, o “valor enquanto capital cultural.
O sistema escolar reproduz, assim, a nível social, o capital cultural da classe social dominante que é a cultura que tem prestígio e valor social com seus (valores, gostos, costumes e hábitos) e, por fim, a própria classe social. Os valores e hábitos das classes menos privilegiadas são tratados como qualquer coisa menos como cultura. E é assim que o domínio simbólico atua através de um “astucioso mecanismo”, pois, adquire força ao definir a cultura da classe social dominante como única cultura, a cultura erudita.
Bourdieu e Passeron argumentam que os conteúdos escolares são organizados no currículo de modo a serem identificados com o capital cultural comum às classes dominantes (culturalmente falando, pois com o conceito de campo entendemos que um indivíduo pode possuir posições diferentes no campo econômico e no campo cultural, e aí nem sempre quem possui mais posses é dominante culturalmente).
O sistema escolar impõe uma norma lingüística e cultural determinada mais aproximada aquela que é parte do universo simbólico das famílias burguesas, e distanciada daquela dos setores populares. O êxito ou o fracasso das crianças na escola se explica pela distância de sua cultura ou língua em relação à cultura e à língua da escola.
De acordo com Bourdieu e Passeron o currículo da escola tem base na cultura da classe social burguesa e assim se expressa na linguagem da classe social burguesa e é transmitido também através do código cultural da classe social dominante, o que é indecifrável para as crianças e jovens das classes sociais menos favorecidas as quais são dominadas. O currículo da escola reproduz o capital cultural da classe social dominante e “excluem” os indivíduos que não têm esse capital cultural.
O indivíduo que tem mais “capital cultural”, a cultura que é considerada e disseminada na escola pela classe social dominante é quem consegue ter “êxitos”, os indivíduos que não possuem o capital cultural são “excluídos” do sistema educacional “violência simbólica”. As crianças e jovens da classe social dominante conseguem ter êxitos na escola porque reconhecem seu capital cultural e vê cada vez mais seu capital cultural ser reconhecido porque a escola dissemina sua ideologia através dos conteúdos transmitidos aos alunos.
A violência simbólica é entendida por Bourdieu como “violência insensível, invisível as suas próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou, mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento ou, em última instância, do sentimento” (pp. 7-8).
Os autores falam da violência simbólica referindo-se principalmente a mecanismos sutis de dominação e exclusão social que são utilizados por indivíduos, grupos ou instituições. Na escola o professor (a) pode excluir o aluno pelo fato do mesmo não utilizar em seu vocabulário a norma culta da língua e isso é uma violência simbólica!
Assim os alunos que vem de famílias cujos responsáveis possuem maior “capital cultural”, chegam à escola e são expostos a muitas coisas que já vivenciaram em casa como, por exemplo, o hábito da leitura levando assim uma vantagem com relação aos que não possuem este capital cultural herdado.
No que se refere ao habitus (termo utilizado por Bourdieu e Passeron para se referir as estruturas sociais e culturas que se tornam internalizadas), o aluno que possui um habitus mais ligado às atitudes consideradas mais certas em uma instituição escolar como, por exemplo, o habitus ligado à disciplina de estudos fora do horário da escola é também visto pela instituição escolar como “um bom aluno”.
Neste sentido, do ponto de vista da nota e da análise dos comportamentos a escola realizaria uma dupla seleção, a qual tenderia a reproduzir as diferenças (culturais e às vezes econômicas já existentes na sociedade).
O capital cultural existe em diversos estados e pode se manifestar em “estado objetivado”, no qual o capital cultural existe sob a forma de bens culturais, tais como esculturas, pinturas, livros, etc. Para possuir os bens culturais na sua materialidade é necessário ter simplesmente capital econômico, o que se evidencia na compra de livros, por exemplo.
Todavia, para apropriar-se simbolicamente destes bens é necessário possuir os instrumentos desta apropriação e os códigos necessários para decifrá-los, ou seja, é necessário possuir outro tipo de capital cultural o “estado incorporado”.
O capital cultural no seu “estado incorporado” constitui o componente do background familiar (conhecimento familiar), que atua de forma mais marcante na definição do futuro escolar dos descendentes, uma vez que as referências culturais, os conhecimentos considerados apropriados e legítimos e o domínio maior ou menor da língua culta trazida de casa (herança familiar) facilitam o aprendizado dos conteúdos e dos códigos escolares, funcionando como uma ponte entre o mundo da família e o da escola. No “estado institucionalizado”, o capital cultural materializa-se por meio dos diplomas escolares.
Para Bourdieu e Passeron há dois mecanismos acontecendo, chamado de dupla violência, a imposição e a ocultação. Ocultação que aparece como uma imposição que é natural.
O filósofo francês Louis Althusser discute a educação sob uma visão global do capitalismo e coloca também a questão da escola atuar através de seu “currículo”, como reprodutora dos interesses da classe social dominante desde o início da vida dos indivíduos por meios aparentemente não coercitivos. Argumenta que a permanência da sociedade capitalista depende da reprodução de seus componentes econômicos (força de trabalho, meios de produção) e da reprodução de seus componentes ideológicos. E isso pode ser obtido através da força ou do convencimento, da repressão ou da ideologia de mecanismos e instituições encarregadas de garantir esse status. A cargo dos aparelhos repressivos de estado se tem (a polícia, o poder judiciário, forças armadas) que exercem suas funções através da força.
Entre os aparelhos ideológicos de estado que atuam através da ideologia (religião, mídia a família), Althusser enfatiza a escola como um aparelho ideológico central porque atinge praticamente toda a população por um grande período de tempo e atua ideologicamente através de seu currículo utilizando as matérias escolares para a transmissão dos valores da classe social dominante.

Fonte:

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado: nota sobre aparelhos ideológicos de Estado. Rio de Janeiro:Graal, 1985
BOURDIEU, Pierre e Passeron ,Jean-Claude. A reprodução. Rio: Francísco Alvez, 1975.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Tendências educativas no cenário escolar

O processo de construção da educação brasileira precisa passar pela reestruturação completa do currículo e prática pedagógica em todas as esferas de formação escolar, como o atual paradigma não corresponde aos anseios de promoção dos movimentos de organização da classe pedagoga e também do projeto de construção social do Brasil, um novo modelo deve ser implantado com o intuito de se criar uma educação de qualidade. Muitas escolas particulares dizem que trabalham com o construtivismo, outras dizem que trabalham para formar o cidadão crítico que sabe atuar em todos os campos da sociedade atual. Discurso que é pura ideologia neoliberal.
O que ocorre é que a educação está cada vez mais sendo privatizada passando para as mãos dos neoliberais que reproduzem a desigualdade social porque trabalham numa perspectiva que favorece apenas a minoria burguesa. A escola não democratiza, ao contrário, reproduz a divisão social e mantém os privilégios de classe “violência simbólica” segundo Bourdieu e Passeron.
Temos muitas escolas de 1ª à 4ª série com uma proposta pedagógica inspirada nessa visão neoliberal. Escolas que trabalham com apostilas padronizadas e a educação é oferecida como se fosse pacotes educacionais, o professor é reduzido a um simples executor de um planejamento e “o aluno vira um cliente” e pode comprar um pacote educacional pequeno ou grande, compra o que pode pagar. Se não estipularmos algumas metas a atingir, seremos movidos pelas forças cegas do mercado numa direção que nada tem de humana.
Mudar este cenário é possível, o que acontece na educação não é uma tragédia, mas sim um drama e depende do esforço de todos e de cada um, passar da educação que temos para a educação que queremos. Depende fundamentalmente de novas atitudes e de conquistas do dia-a-dia por parte de alunos, professores, pais, cidadãos e governos.
O Brasil precisa fazer da educação sua prioridade número um se quiser oferecer às novas gerações um futuro melhor e criar as condições necessárias para seu desenvolvimento social e econômico, não que a educação vá alavancar ou resolver todos os problemas do país e promover a democratização da sociedade por si só.
O mundo contemporâneo vive uma crise profunda, fruto de modificações profundas na economia, decorrente da tecnologia combinada com a vitória do grande capital conservador no seu embate com o capital liberal. Os avanços da tecnologia nos mais diversos campos tendo como pano de fundo a globalização neoliberal levam o mundo para um modelo de exclusão social jamais visto.
Vivemos um momento de ampliação das desigualdades sociais e do processo de exclusão social no país, que atinge cada vez mais os setores menos privilegiados da sociedade implicando em dificuldades enfrentadas por esses setores em relação ao acesso ao processo de escolarização e à permanência com sucesso no mesmo.
Para atender a lógica, aos interesses e necessidades dos alunos, a concepção de educação não pode se limitar à distribuição de conteúdos desconectado da realidade e tampouco a uma educação com um processo mecânico, padronizado ou estruturado como uma empresa.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Educação brasileira hoje.

Considera-se a educação um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de uma nação, é através da produção de conhecimentos que um país cresce, aumentando sua renda e a qualidade de vida das pessoas. Embora o Brasil tenha avançado neste campo nas últimas décadas, ainda há muito para ser feito. A escola ou a faculdade tornaram-se ilusoriamente para algumas pessoas locais de grande importância para a ascensão social e muitas famílias tem investido muito neste setor, mas o Brasil continua ainda tendo a escola e principalmente a universidade voltada para a elite.
Contudo, ao olhar para o cenário atual da educação brasileira, fica claro que estamos longe de um ensino de qualidade. Enquanto se fala em PCNs, Piaget e Vygotsky para lá e pra cá, em construtivismo e outras coisas a mais, temos escolas superlotadas de alunos que não se interessam por nada do que se ensina ali, o que é ensinado é algo considerado supostamente importante para a vida dos alunos, e os interesses desses alunos não são levados em conta.
As escolas continuam se estruturando como há muito tempo atrás, estipulando um número de anos para desenvolver um determinado curso, traz as tradicionais matérias do currículo, desenvolve uma série de conhecimentos gerais que eventualmente possa um dia servir para que o aluno utilize no mercado de trabalho ou na sua vida. Sem falar que a escola até hoje está presa ao antigo quadro e giz o que não é suficiente para reter a atenção dos alunos acostumados aos avanços tecnológicos.
Os cursos oferecidos são longos com conteúdos específicos, o aluno estuda como, por exemplo, Língua Portuguesa, Matemática e Geografia dentro de um currículo fechado desconectado da realidade, o que não faz sentido porque as mudanças acontecem rapidamente na sociedade e a escola precisa caminhar junto com essa evolução. As escolas brasileiras não estão atentas com as mudanças que ocorrem em todos os setores da sociedade, o que é indispensável para que possa se reestruturar para atender as novas necessidades que vão surgindo.
A nossa escola hoje continua oferecendo uma série de informações, que não sabemos para que servem, e qual é a finalidade e a qual necessidade vai atender. A educação pública brasileira trabalha com um padrão mínimo de qualidade que nem mesmo a LDB especifica que mínimo é esse.No Brasil vejo uma mistura de tendências pedagógicas, onde a tendência neoliberal está cada vez mais presente. Infelizmente a ideologia fatalista e imobilizante do discurso neoliberal está a solta, e nossas escolas públicas de ensino básico estão sucateadas, foram deterioradas pela má administração pública, a corrupção, o descaso para com alunos e professores.